
Pessoal! Para quem quiser me seguir, o meu twitter é @Tati_ribeiro
Você já foi atormentado por uma abelha? Já teve um surto psicótico por causa do computador? Duvida das pessoas que dizem não ter medo de avião? Odeia a cantiga Parabéns pra você? Acredita que o seu apartamento é um organismo vivo que não gosta de você? Então, você não pode deixar de conferir essas e outras situações irritantes presentes no nosso cotidiano.
A sexta-feira brigava com o sábado. O domingo nem teve chance de entrar. O tribunal estava cheio. Só faltava agora eles não se entenderem e eliminarem de vez o fim de semana. A sexta-feira falou:
- É claro que sou o melhor dia da semana. As pessoas podem se divertir à noite e ainda têm o sábado e o domingo para descansar.
- Nada disso! – retrucou o sábado – você carrega a segunda, terça, quarta e quinta nas costas. Ninguém consegue se divertir tão cansado.
- E qual vantagem você tem se no dia seguinte já é domingo? perguntou a sexta-feira ao sábado.
- Ora bolas, por isso mesmo. No sábado você já descansou da sexta e ainda pode relaxar no domingo.
Foi quando repentinamente a porta do tribunal se abriu. Era a quinta-feira. Ela se aproximou do júri com passos precisos e esbravejou:
- Nem sexta e nem sábado! Eu sou o melhor dia da semana e vim acabar com esse impasse. A quinta é o dia da boemia, do happy hour. Na quinta você tem a sensação de que já fez quase tudo que tinha que fazer, pois a semana está acabando e ainda tem o prazer de saber que o fim de semana se aproxima. Silêncio no tribunal. Vitoriosa, a quinta-feira concluiu:
- Sou a melhor porque ofereço três dias à minha frente: a sexta para se cansar, o sábado para descansar e o domingo para se entediar.
O vento bater contra o lado em que seu cabelo está dividido. A água acabar quando você colocou o xampu na cabeça, a espinha nascer como um outdoor no seu rosto na véspera de uma apresentação, faltar luz quando você alugou 3 filmes na promoção, o telefone tocar quando você entra no banho. São aquelas “coisinhas” que acontecem com um jeito de coincidência, mas que na verdade fazem parte de um plano macro contra o sistema nervoso humano.
Foi no sábado de manhã. Eram sete horas e acordei com o meu despertador biológico. Aquela sensação de acordar mas poder voltar a dormir, não tem preço. Quando o meu corpo iniciou um novo processo de adormecimento, o barulho invadiu meus ouvidos.
- TUM, TUM, TUM....
Com a cabeça tilintando devido ao barulho forte e repetitivo, comecei a cambalear pelo quarto tentando descobrir a origem do tormento. Ao chegar à janela, lá estava uma senhora ajoelhada, inclinada sobre uma grande armação de armário, cercada por pedaços pequenos de madeira. Com a ferramenta em punho, ela dava seguidas marteladas fortes e certeiras. Parecia ávida para acabar o trabalho.
Lembrando: eram sete horas da manhã de um sábado.
Ainda sem forças para alinhar a minha visão à paisagem, os questionamentos se misturaram ao barulho das marteladas:
- De onde surgiu essa criatura, por que ela esta construindo um armário ao ar livre, como ela vai sair dali com o armário e, o mais importante, por que, entre toda a extensão da rua, ela decidiu que faria sua tarefa embaixo da minha janela?
Fui até a varanda e enchi o pulmão decidida a gritar todos esses questionamentos, finalizando a bateria de perguntas com os mais criativos xingamentos. Já com os braços levantados, uma onda de solidariedade tomou conta de mim e pensei:
- Essa moça deve ser uma pobre coitada para estar construindo um armário a essa hora e dessa maneira. Melhor deixá-la acabar e, enquanto isso, tento convencer meus ouvidos de que aquele barulho nada mais é do que uma canção de ninar.
Conformada, pensei:
- Vou tirar uma foto pois, sem uma prova, as pessoas irão pensar que eu estava sonhando.
Então, para aqueles que acham que sou um ser 100% impaciente, está ai a prova de que, pelo menos um dia, eu tive paciência.