quarta-feira, 10 de novembro de 2010


Pessoal! Para quem quiser me seguir, o meu twitter é @Tati_ribeiro

Beijos
Tati

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Santa quinta-feira


A sexta-feira brigava com o sábado. O domingo nem teve chance de entrar. O tribunal estava cheio. Só faltava agora eles não se entenderem e eliminarem de vez o fim de semana. A sexta-feira falou:

- É claro que sou o melhor dia da semana. As pessoas podem se divertir à noite e ainda têm o sábado e o domingo para descansar.

- Nada disso! – retrucou o sábado – você carrega a segunda, terça, quarta e quinta nas costas. Ninguém consegue se divertir tão cansado.

- E qual vantagem você tem se no dia seguinte já é domingo? perguntou a sexta-feira ao sábado.

- Ora bolas, por isso mesmo. No sábado você já descansou da sexta e ainda pode relaxar no domingo.

Foi quando repentinamente a porta do tribunal se abriu. Era a quinta-feira. Ela se aproximou do júri com passos precisos e esbravejou:

- Nem sexta e nem sábado! Eu sou o melhor dia da semana e vim acabar com esse impasse. A quinta é o dia da boemia, do happy hour. Na quinta você tem a sensação de que já fez quase tudo que tinha que fazer, pois a semana está acabando e ainda tem o prazer de saber que o fim de semana se aproxima. Silêncio no tribunal. Vitoriosa, a quinta-feira concluiu:

- Sou a melhor porque ofereço três dias à minha frente: a sexta para se cansar, o sábado para descansar e o domingo para se entediar.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Deus, por que eu? (:




O vento bater contra o lado em que seu cabelo está dividido. A água acabar quando você colocou o xampu na cabeça, a espinha nascer como um outdoor no seu rosto na véspera de uma apresentação, faltar luz quando você alugou 3 filmes na promoção, o telefone tocar quando você entra no banho. São aquelas “coisinhas” que acontecem com um jeito de coincidência, mas que na verdade fazem parte de um plano macro contra o sistema nervoso humano.

Foi no sábado de manhã. Eram sete horas e acordei com o meu despertador biológico. Aquela sensação de acordar mas poder voltar a dormir, não tem preço. Quando o meu corpo iniciou um novo processo de adormecimento, o barulho invadiu meus ouvidos.

- TUM, TUM, TUM....

Com a cabeça tilintando devido ao barulho forte e repetitivo, comecei a cambalear pelo quarto tentando descobrir a origem do tormento. Ao chegar à janela, lá estava uma senhora ajoelhada, inclinada sobre uma grande armação de armário, cercada por pedaços pequenos de madeira. Com a ferramenta em punho, ela dava seguidas marteladas fortes e certeiras. Parecia ávida para acabar o trabalho.

Lembrando: eram sete horas da manhã de um sábado.

Ainda sem forças para alinhar a minha visão à paisagem, os questionamentos se misturaram ao barulho das marteladas:

- De onde surgiu essa criatura, por que ela esta construindo um armário ao ar livre, como ela vai sair dali com o armário e, o mais importante, por que, entre toda a extensão da rua, ela decidiu que faria sua tarefa embaixo da minha janela?

Fui até a varanda e enchi o pulmão decidida a gritar todos esses questionamentos, finalizando a bateria de perguntas com os mais criativos xingamentos. Já com os braços levantados, uma onda de solidariedade tomou conta de mim e pensei:

- Essa moça deve ser uma pobre coitada para estar construindo um armário a essa hora e dessa maneira. Melhor deixá-la acabar e, enquanto isso, tento convencer meus ouvidos de que aquele barulho nada mais é do que uma canção de ninar.

Conformada, pensei:

- Vou tirar uma foto pois, sem uma prova, as pessoas irão pensar que eu estava sonhando.

Então, para aqueles que acham que sou um ser 100% impaciente, está ai a prova de que, pelo menos um dia, eu tive paciência.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Ode ao ódio ao inverno


Confirmando a minha ojeriza ao inverno, fiz questão de pesquisar o lugar mais frio do mundo para não correr o risco de um dia ter que visitá-lo (com a minha sorte, ganharia facilmente em um bingo qualquer, uma viagem com tudo pago para lá).

Percebam que lugar agradável de se morar.

Yakutsk (Sibéria) tem 200.000 habitantes e é considerada a cidade mais fria do mundo.
A temperatura média durante o inverno fica em torno de 50ºC negativos.
Caminhoneiros não desligam seus motores por até duas semanas e os habitantes da capital também evitam desligar seus carros para garantir o retorno ao lar.
As pessoas recebem o conselho de não usarem óculos ao ar livre durante o inverno, já que existe o risco deles congelarem e arrancarem a pele do rosto ao serem retirados.

Durante o verão curtíssimo (pode durar até 3 semanas), os termômetros podem alcançar entre 30 e 35ºC. Nesse período a região é invadida por uma enorme nuvem de mosquito desesperados para completar o seu ciclo de vida.

Sobre a foto da feliz moradora:
- As mulheres têm a vantagem de não terem que gastar dinheiro com rímel e nem com chapinha. - Aposto que o sorriso não é de felicidade. Acho que ela congelou mesmo nessa posição.

sábado, 4 de setembro de 2010

Entrevista no Jo Soares

Pessoal!
Queria agradecer o incentivo de todos que curtiram a entrevista no Jô. Vou começar a acreditar que posso ser comediante mesmo (:
O meu blog estava parado, mas vou reativá-lo. Afinal de contas, já estou preparando o segundo livro e para esse com certeza vocês poderão contribuir.
Para começar, segue o link da entrevista sobre o livro no site do Jô:
http://programadojo.globo.com/videos/v/tatiana-ribeiro-lanca-livro-sobre-as-coisas-mais-irritantes-do-dia-a-dia/1330531/#/Entrevistas/page/2

O livro está disponível nas seguintes livrarias (mais fácil adquiri online):
www.saraiva.com.br

www.siciliano.com.br

http://www.litteris.com.br/

Ajudem na divulgação! Até o proximo post!

Beijos

segunda-feira, 13 de abril de 2009

E viveram felizes...por algum tempo


É o sonho de muitas, mas confesso que, para mim, nunca fez diferença. A minha imagem flutuando pelo corredor de uma igreja decorado com flores, vestida de véu e grinalda ao som de “My endless Love”, com o olhar focado no suposto príncipe encantado, definitivamente não fazia parte dos meus pensamentos descompromissados. Mas quando você é filha única mulher e decide juntar as escovas de dente, não tem escapatória. Seus ouvidos são inundados pelo discurso materno:
- Minha filha, não prive a sua mãe desse sonho. É a única alegria que me resta a esta altura da vida.
Eu não teria coragem de recusar um pedido tão choroso. Aceitei, mas ditei minhas condições: não quero decidir nada associado à cor de toalha, arranjo de mesa, lembrancinha, etc. Comprometo-me a estar lá na data e hora certa.
Casei-me em uma charmosa igrejinha no Ingá em Niterói, mas meu noivo era tijucano e a maior parte dos seus amigos morava do outro lado da ponte. O céu caiu no Rio de Janeiro e choveu torrencialmente. Para garantir, cheguei com dez minutos de antecedência, e confesso que estava começando a gostar daquele suposto contos de fada. Por causa da chuva a ponte fechou, e os padrinhos atrasaram. Como o padre não apoiava a tradição da noiva chegar atrasada, passados quinze minutos da hora marcada tive que tomar a atitude drástica de nomear convidados aleatórios para virarem “falsos” padrinhos.
As portas se abriram. Entrei de mãos dadas com o meu pai, morrendo de medo de tropeçar. Porque administrar um tombo de pernas trançadas com aquela saia justa de viscose e um véu de dois metros seria, pelo menos para mim, humanamente impossível. Fui avançando com passos de tartaruga. Eu só conseguia enxergar a fisionomia das pessoas no corredor num misto de abestalhamento com cara de alívio de quem fez xixi depois de segurar a bexiga por uma hora.
No meio do corredor, meu braço direito começou a doer. O buquê tinha uma base de madeira que pesava, pelo menos, 3 kg. Aliás, para que serve exatamente o buquê na hora da cerimônia? Se a função é decorativa, podíamos aplicar uma réplica no vestido para deixar livres as mãos da noiva.
Quando cheguei ao altar, tive certeza de que ganhei alguns graus na minha escoliose. Começou a tão esperada cerimônia e a minha seqüência de furos.
A primeira gafe foi na hora da troca de alianças. O noivo fez o juramento e colocou a aliança delicadamente no meu dedo. Era a minha vez. Com a minha aliança no dedo e a dele na mão, o padre pediu que eu fizesse o juramento e beijasse a aliança. Eu beijei a minha. O padre disse:
- Não, você tem que beijar a dele.
Na hora do juramento quase matei o padre do coração. Ele pediu que eu repetisse:
- Eu, Tatiana, recebo você, Augusto, como o meu marido...
Eu falei:
- Eu, Tatiana, recebo você, Frederico, como meu marido...
O padre ficou mais branco que a hóstia, arregalou os olhos para mim e disse:
- O nome dele é Augusto!
Sussurrei para ele:
- O nome dele é Augusto Frederico, mas eu só o chamo de Frederico.
A cerimônia acabou e, ainda no altar, preparei-me para desfilar novamente no corredor. Estava posicionada ao lado direito do Fred e a supervisora do cerimonial pediu para eu ir para o lado esquerdo. Tinha que existir um ensaio geral para guardar tantos detalhes. Tentei segurar o buquê de halteres na mão esquerda para não sobrecarregar o braço direito, mas fui vetada. Além da câimbra no braço, quase tive paralisia no rosto de tanto sorrir para as pessoas que agora tinham aquela fisionomia de quem observa um filhotinho de cachorro.
Aliviada por ter chegado à entrada da igreja, ainda tive que enfrentar o corredor de amigos preparados para o bombardeio de arroz, tradição inventada por hindus e chineses. Se eu estava preocupada em conseguir tirar todos os grampos que a cabeleireira enfiou no meu cabelo para sustentar aquele ninho de rato, agora imaginava a quantidade de grãos que ia ter que catar. Sou a favor da noiva carregar um saquinho de milho e jogar de volta nos convidados como agradecimento.
Entrei no carro sem olhar para trás com medo de encontrar o olhar recriminador da supervisora do cerimonial pela minha gafe de eu ter entrado pelo lado direito do carro e não pelo esquerdo que era a regra. Encostei a cabeça no banco do carro aliviada e pensei: se esse casamento der errado e eu tiver que casar de novo, vou exigir um ensaio geral. Não deu certo, mas até o presente momento continuo curtindo minha solteirice.

Maculando a memória de Graham Bell



Tamanho foi o meu espanto ao descobrir que existem questionamentos em relação ao verdadeiro inventor do telefone. Na escola, aprendemos que o autor dessa invenção foi Graham Bell. No entanto, alguns identificam Johann Philipp Reis como seu verdadeiro pai. Na tentativa de construir uma “orelha artificial” para aliviar a surdez da sua avó, este alemão acabou contribuindo para a concepção do telefone que conhecemos hoje. No primeiro aparelho que montou, utilizou componentes inusitados como uma salsicha, cuja pele foi esticada sobre uma rolha de cortiça para servir de microfone. Sabe-se Deus como uma pessoa, ao olhar para uma salsicha, pode ter tido o insight de que esse alimento funcionaria como um componente de um microfone. Além de Johann, Antonio Meucci, um italiano, também requisitou o crédito da invenção do telefone em 1980.
Enfim, independente de quem foi o verdadeiro inventor, o importante é que esses homens, com suas mentes extraordinárias, acabaram concedendo-nos essa invenção revolucionária que elimina distâncias, rompe fronteiras e aproxima pessoas. O que eles não sabiam era que as limitações de alguns seres humanos transformariam esse fabuloso invento em um instrumento causador de irritação para com seu semelhante.
Uma dessas experiências irritantes, ao atendermos o telefone, é a grande charada imposta por algumas pessoas com a pergunta: adivinha quem é? Vamos raciocinar: você não está tendo nenhum contato físico com a pessoa que ligou - o que faz com que a única chance de você descobrir quem é será pelo reconhecimento da voz. E o único momento em que você escuta a voz é quando ela faz a pergunta idiota: adivinha quem é? A solução é ignorá-la e desligar, no caso de insistência.
Outro ponto irritante envolvendo essa invenção é quando o telefone toca, a pessoa atende e, por algum motivo técnico, não consegue ouvir a voz de quem ligou. Com o silêncio instalado, a pessoa que atendeu inicia uma cadeia incessante de alôs. São sete, dez alôs, seguidos em um suplício desesperado por uma voz, por qualquer ruído que venha do outro lado da linha. Enquanto a seqüência de alôs é proferida, o pobre coitado que ligou, e que não consegue ser ouvido, não é capaz de refazer a ligação. E todos aqueles que estão ao lado da pessoa inconformada têm que sofrer com o bate-estaca de alôs na cabeça. No meu caso, falo no máximo dois; caso não obtenha resposta, desligo.
E quando a pessoa do outro lado da linha tem a voz de locutora de aeroporto gozando e que acabou de tomar um Lexotan? Deveria haver uma lei que proibisse pessoas que falam baixo ou para dentro de se aproximarem de um telefone. O que se ouve é uma voz ao fundo, tênue e calma, vinda de um universo paralelo. E você não consegue ouvir porra nenhuma. Além de ter que apertar com força o fone contra o ouvido, inventando quase que um tratamento para orelha de abano, você tenta mostrar à pessoa que não está conseguindo ouvi-la, dando gritos:
- O quê? Está baixa a ligação! Fala mais alto!
Mas a desgraçada continua falando no mesmo tom, só que pausadamente.
A ligação melhora e ai vem o ápice da tortura:
- Alô!
- Alô, por favor a Ciça.
- Desculpe, mas não mora ninguém aqui com esse nome.
Aliás, porque diabos começamos essa frase sempre pedindo desculpas? Desculpa de quê? Desculpa porque a Ciça não é minha irmã? Desculpa porque ela não é minha amiga? Desculpa por ela morar em outra casa? Faria mais sentido responder:
- Que pena! Não tem ninguém aqui com esse nome.
Enfim, após ter passado essa informação, você pode ouvir do outro lado da linha um silêncio sepulcral ou a seguinte questão:
- Ué? Qual o número daí?
Em que vai beneficiar a pessoa saber qual o meu número, se eu acabei de informá-la de que o meu número não é o número que ela deveria discar para encontrar a Ciça? Já sem paciência, me rendo e respondo:
- 3232-4455
Com a informação dada, duas respostas são possíveis:
- Ah! Então está explicado, eu tinha que ter discado o final 4456 e não 4455.
Apesar do fato de, sabendo o número correto que ela deveria ter discado não acrescentar nada em minha vida, a pessoa insiste em passar essa informação. Mas o pior é quando a pessoa dá a segunda opção de resposta:
- 3232-4455? Ué, mas está certo! Foi esse o número que a Ciça me deu.
Pausa no mundo. Fico sempre pensando nesse momento, qual o possível complemento para essa frase? Eu poderia responder:
- Ok. Vamos lá de novo. A Ciça lhe deu o telefone 3232-4455 que é o meu número. Como a Ciça não mora aqui e também não a conheço, podemos concluir que ou o número que ela lhe deu não estava certo ou você entendeu errado.
E a pessoa insiste:
- E agora? Eu precisava tanto falar com ela.
Com a certeza de que a pessoa ainda vai me fazer perder muito tempo com uma conversa que não vai dar em absolutamente nada, respiro fundo e, antes que eu tenha um surto psicótico e comece a xingá-la, desligo com a força e velocidade quase equivalentes à usada pelos juízes ao baterem o martelo para pedir silêncio no tribunal.
Não conseguiria imaginar minha vida sem o telefone e nem conseguiria resumir todos os benefícios que ele pode trazer para a humanidade. Com o celular, a voz pela internet e todos os avanços que estão por vir, a solução é trabalharmos a nossa paciência para com aqueles que não sabem desfrutar dessa máquina de forma coerente e normal e, em último caso, aperfeiçoarmos o tão conhecido gesto de desligar na cara da pessoa com a precisão e força de um guerreiro japonês.